Segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 17, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu de 99,9 para 95,6 pontos em abril, menor nível desde novembro do ano passado. Para o assessor técnico do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac/AC, Egídio Garó, a crise provocada pelo Coronavírus teria um impacto relevante quando se traz ao cenário acreano.
Em março, o último antes do início da crise, o indicador chegou a estar apenas um décimo abaixo do nível de satisfação, acima de 100 pontos, em seu melhor resultado desde 2015. Após o ajuste sazonal, a série apresentou uma queda mensal de 2,5%, após dois meses consecutivos de alta. Em relação a abril de 2019, houve retração de 0,6%, a primeira redução nessa base comparativa desde fevereiro de 2017. Esta foi a primeira ICF realizada após o início da pandemia de covid-19 no Brasil. A coleta dos dados ocorreu entre 20 de março e 5 de abril.
Garó reiterou que a preocupação com dias futuros tem tornado as famílias mais resistentes quanto ao consumo. “Mantendo aqueles [consumos] somente necessários ao longo do período em que perdurar a crise”, refletiu. Além disso, um segundo aspecto que interferiria na intenção do consumo aqui no Acre seria o fato de a legislação estadual, por prudência, ter limitado o funcionamento de diversos estabelecimentos comerciais “O que inibe que as famílias se arrisquem desnecessariamente pela incerteza dos dias vindouros”.
Em relação às Condições de Consumo, o indicador Momento para Duráveis se destacou negativamente, apresentando a maior queda mensal dentre os índices pesquisados (-5,9%), após aumento registrado em março. Na comparação anual, entretanto, houve incremento de 2%. O indicador atingiu 70,6 pontos.
Garó disse ainda que, a partir do término do isolamento e da crise, poderá acontecer o inverso. “Quando se poderá uma elevação da intenção de consumo, observadas as capacidades de endividamento de cada família”, finalizou.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que a pesquisa deste mês identificou a preocupação dos brasileiros com os impactos “desta crise sem precedentes”. “As famílias começaram a se revelar mais alertas em relação ao consumo, em 2020. Essa insatisfação na expectativa de consumir em abril está ancorada na incerteza das consequências que a situação atual pode provocar nos indicadores econômicos deste ano. O aumento recente da taxa de desemprego no País é um exemplo”, afirmou Tadros, chamando a atenção para o indicador referente ao acesso ao crédito, único da pesquisa que apresentou variação mensal positiva (+0,7%), chegando a 97 pontos. “As taxas de juros baixas, conjuntamente com um nível inflacionário controlado, impactaram a percepção de maior facilidade de acesso ao crédito.