Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Acre

Calenarte apresenta exposição coletiva de Xilogravura

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O Serviço Social do Comércio – Sesc no Acre, através do projeto Calenarte, apresenta a exposição “Uma Retrospectiva histórica dos 40 anos de Gravura na Cidade de Rio Branco”. O período da exposição será de 29 de janeiro a 26 de fevereiro de 2016, no salão de exposições do Sesc Centro. A vernissage ocorrerá às 19h do dia 29.

A xilogravura nasceu na China, no século IX e antecede a imprensa, mas no ocidente ela se estabelece enquanto arte somente a partir da produção de alguns artistas que no século XV tornaram-se referencia para muitas gerações de gravadores, pela originalidade, pela transgressão ou pela inventividade com que exploraram as possibilidades das diferentes técnicas que a gravura oferecia.

No Brasil, essa técnica chega junto com a imprensa, a partir da chegada da família real, em meados do século XIX e se torna conhecida agregada a literatura de cordel, que se espalhou pelo país. E se assume enquanto arte independente a partir do século XX, com artistas como Scliar, Samico, Fayga e Oswald Goeldi entre outros.

No Acre, ela foi mostrada pela primeira vez em meados da década de setenta, em um concurso de cartazes alusivo ao Centenário da imigração nordestina para o Acre, mas sequer chegou a ser mostrada ao público. Após essa primeira quase aparição, ela vem a publico, como capa de um jornal cultural envelopado “O Berracão”. Em seguida num numero do jornal “Varadouro e mais tarde na exposição 3 artistas 3 momentos em 1995, sem ainda constituir uma produção ampla, permanecendo restrita a cartazes e outros experimentos de pequeno porte.

A exposição Amazonien, dos artistas alemães Michael Muller e Wolfgang Lemman, que resultou da residência dos dois no Acre, foi muito positiva para a gravura em Rio Branco, pois além do diálogo e das oficinas, compartilhou-se novas técnicas e novas visões, possibilitando novos procedimentos.

Ela efetivamente só ira acontecer, como técnica predominante em uma mostra de gravuras na exposição Xilosmemoria, no ano de 2000; depois na mostra Ensaios para o Anoitecer em 2001; Em seguida na exposição Signos figurativos em 2002 em Belém/ PA, e mais tarde na coletiva 100 Jahre poesie des cordel em Berlim em 2008; na exposição Die Expeditionen der Poeten em Berlim, em 2010

A partir de 2010, irão surgir produções experimentais do licenciandos do curso de artes visuais da FAAO, que enriqueceram o processo dando maior consistência e constância na mostra da gravura na cidade, tornando-se uma prática reconhecida e adotada pelos artistas de Rio Branco.

Mesmo prescindindo de alguns materiais de boa qualidade, entre outras deficiências, o processo desenvolveu-se lentamente e com a oferta de oficinas e cursos na Usina de Artes e a vinda de bons artistas como foi o caso dos gravadores Josafá de Orós e André Miranda e a aquisição de equipamento, contribuiu junto ao trabalho que vinha sendo desenvolvido na FAAO, para a aceleração e aprofundamento de uma produção mais prolífica e consistente.

Até 2010, sobretudo a xilogravura e o monotipo tornaram-se uma técnica bem dominada por expressivo numero de artistas locais, não se ampliando mais ainda, apenas pela dificuldade de espaço expositivo.

A retrospectiva que ora trazemos, objetiva apenas congregar parte dos artistas praticantes dessa técnica, mostrando, além de suas trajetórias na nossa idade, as ultimas pesquisas e criações produzidas e que por dificuldade de espaço de mostragem, pouco são vistas. Acreditamos também que a criação de um Clube da Gravura, o que não seria difícil através de um ponto cultura, poderia vir a prestar efetivo auxilio na prática e produção de gravuras.

É fundamental, no entanto, para que possamos sair da mentalidade dominante de que as artes visuais são apenas mero lazer ou exercício de habilidade pratica sem qualquer resultado, seja reconhecida como importante exercício de criatividade sendo o que há de mais importante na humanidade para o desenvolvimento. Sendo certo que uma comunidade que não for capaz de produzir sua arte e seus artistas, estará  fatalmente destinados ao retrocesso e ao esquecimento.

Não é demais lembrar que o ensino de todas as artes nas escolas públicas do País, é uma determinação constitucional, assegurada pela LDB e que o nosso Estado é hoje o único em todo o país, cuja Universidade Federal não oferece a licenciatura em artes visuais. No Acre, mais de 95% dos professores dessa área são leigos, um crime de responsabilidade que muito penaliza nosso futuro.

Para a artista e educadora Dra. Laélia Rodrigues, a Arte assim, como todas as demais formas de conhecimento, valorizadas na academia e na vida cultural de uma comunidade deve ser aprendida seja pela experimentação autodidata e observação daqueles que são capazes por um excelente talento ou senão pelo ensino nas escolas com todas as orientações e mediações de profissionais habilitados. O Acre hoje tem um bom número de profissionais das Artes Visuais formados em licenciatura alguns com Pós-graduação e até Doutorado, sem contar com os artistas cuja produção ultrapassa o período de três a cinco décadas.

Esperamos que esta exposição seja vista com olhos inteligentes para reconhecer tanto o talento criativo como o domínio de diferentes técnicas de gravura; um trabalho minucioso e que depende muito da destreza das mãos que o fazem, apresentado para a apreciação do público, em um momento em que as artes visuais já estão também aderindo à utilização das novas tecnologias da informação.

 

 

ARTISTAS PARTICIPANTES

LAELIA RODRIGUES (Organizadora)

Nascida em Rio Branco-AC, tem graduação em Letras e Doutorado em Historia da Literatura. Professora universitária e coautora da criação das licenciaturas de Teatro e Musica da Ufac. Tem atuação no teatro local desde 2000, com pratica em produção e direção de espetáculos, iniciada nas artes visuais pelo Curso de Extensão da UFPB e outros cursos informais e oficinas no CMC de Porto Alegre. Iniciada na Gravura tem participação em diversas exposições coletivas e uma individual.

DALMIR FERREIRA (Curador)                

Nascido em 52 no seringal Bom Destino-Ac. Bacharel em Engenharia de Operações e Licenciado em Historia, iniciado em artes plásticas pela escola Pan-americana de Artes e em Musica pela Open University. Tem preparação em cursos informais em diversas áreas da cultura e das artes e participação em exposições no Brasil e no exterior, com expressiva atuação na luta pelo desenvolvimento da arte e da cultura no Estado.

PAULO FELIX

Nascido em 68, no Seringal Niterói em Rio Branco/AC, é autodidata, cedo iniciado no desenho, aperfeiçoa-se através de oficinas e cursos, descobrindo sua tendência para o surrealismo e o abstrato, estilo que o fez conhecido, adotando, entretanto uma atitude voltada para descoberta de novos materiais, que o diferenciou dos demais artistas acreanos. Expõe desde 1991

DANILO DE SACRE

Nascido em 58, em Rio Branco/AC. Produz seus primeiros trabalhos em 72, com aperfeiçoamento em Brasília, retorna ao Acre em 75, onde se junta ao movimento cultural local. Já expôs em Brasília, Salvador, Recife, João Pessoa, Rio de Janeiro e São Paulo. Residiu por 14 anos na Itália, onde participou de diversos cursos e diversas exposições. Produz ilustrações para livros. Retornando, retoma seu trabalho, agora voltado para um abstracionismo investigativo com a matéria prima regional.

MARCO LENIZIO

Nascido em 75, em Cruzeiro do Sul/AC, onde cedo se iniciou na pintura, tendo ali efetivado suas primeiras exposições. Em 98 imigra para Rio Branco onde conclui a graduação em Letras e em 2000 realiza sua primeira exposição individual no SESC/AC, além de participar de diversos eventos e exposições coletivas. Foi professor e coordenador do curso de Artes Visuais da FAAO, presidente da AAPA e presidente do ponto de cultura das artes visuais.

UELITON SANTANA

Nascido em Sena Madureira-AC. Licenciado em Artes Visuais, Doutorando em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra. Tem exposições em diversos países da Europa e em varias capitais brasileiras. Tendo varias premiações, e atualmente pesquisa identidade, território e fronteira utilizando a rede como símbolo da Amazônia, ampliando sua reflexão através da fotografia, performance, instalação e pintura.

ROSI NOBRE

Nascida em Tarauacá-AC, reside em Rio Branco e licenciada em Artes visuais, tem cursos informais na área de artes na Usina de Artes e Especializada em metodologia do ensino de Artes pela UNINTER e professora de artes no ensino médio. Como artista, pesquisa sobre pigmentos orgânicos para pintura, além de produzir estudos em aguadas.

             

HEIDI GENIFER

Nascida em Brasileia-AC, reside em Rio Branco e Licenciada em Artes Visuais e em Letras, tendo cursos informais na Usina de Artes e diversos ensaios sobre a cultura acreana e fotopintura entre outras atividades.

LUIZ CARLOS

Nascido em Rio Branco-AC, licenciado pela UFGO, com passagem pela Escola de Belas Artes de Cuzco, tem um atelier-escola onde ensina e desenvolve e produz suas pesquisas no campo das artes.

FRANCISCO NERILSON

Nascido em Cruzeiro do Sul-AC, licenciado pela FAAO em Artes Visuais, reside em Rio Branco, onde desenvolve e produz trabalhos na área de artes digital, além de se ocupar também como membro do Conselho Nacional de Cultura.

LUIZ FERNANDO

Nascido em Rio Branco- AC. Iniciado através de oficinas em 2006, participa do Salão dos Novos em 2008, em seguida do concurso cores da cidade. Em 2010 participa do Salão Hélio Melo, sendo premiado na área da gravura. Participando a seguir de diversas exposições coletivas em Rio Branco.

JESAIAS TEIXEIRA

Natural de São Francisco do Iracema Xapuri-AC, reside em Rio Branco, e formado em Artes Visuais pela FAAO, premiado varias vezes em concursos locais, foi estudante ate o 2º. Ano do curso de arquitetura, e professor do ensino médio.

ALEXANDRE ANSELMO

Nascido em 75 em São Paulo-SP, formou-se em Artes Visuais na USP em 2000, em seguida mudou-se para Rio Branco, onde desenvolve estudos e produz pesquisas no campo da pintura, gravura e tecnologias. Também desenvolve pesquisas no campo da musica popular e do folclore regional.

ANGELA ROLA

Nascida em Rio Branco-AC, e licenciada em Artes Visuais pela FAAO, e professora na Usina de Artes, na área de gravura.

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